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O seminário da Fundação Producir Conservando destaca oportunidades e desafios para o agronegócio argentino.

No seminário anual realizado na semana passada pela Fundação Producir Conservando (FPC), representantes do setor agrícola argentino analisaram o futuro do agronegócio nacional em um contexto global que oferece grandes oportunidades, mas também ameaças significativas.

O evento, apoiado por diversas empresas líderes, reafirmou o otimismo de longa data da Fundação quanto ao potencial de crescimento do setor, com base na crescente demanda global por alimentos e biocombustíveis projetada por organizações internacionais como o USDA e a FAO-OCDE para a próxima década. Segundo os especialistas Gustavo Oliverio e Gustavo López, o consumo global dos principais grãos (milho, trigo e soja) aumentará em aproximadamente 250 milhões de toneladas no ciclo 2034/35, enquanto a demanda global por carne crescerá em quase 37 milhões de toneladas, com o consumo de aves e carne bovina liderando.

No entanto, a Fundação alertou para duas ameaças principais: o rápido crescimento do Brasil, que, com uma expansão de 28 milhões de hectares, está se posicionando como um concorrente direto em grãos e carnes, e a guerra comercial impulsionada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, cujas políticas tarifárias geram incerteza para os mercados internacionais.

Nesse contexto, Marcelo Regúnaga, coordenador-geral do Grupo dos Países Produtores do Sul (GPS) e ex-Secretário de Agricultura, apresentou uma perspectiva crítica e estratégica ao seminário. Ele observou que, embora as oportunidades sejam enormes, as ameaças não são menos significativas. Ele enfatizou que países concorrentes, como o Brasil, estão implementando estratégias claras e coordenadas que a Argentina ainda não desenvolveu. Ele também alertou sobre a alta vulnerabilidade do país devido à sua dependência de mercados específicos e sistemas multilaterais que estão em crise devido ao protecionismo global. Regúnaga enfatizou a necessidade de a Argentina agir com cautela e inteligência, evitando a dependência excessiva da China e se preparando para se adaptar a um contexto internacional complexo e mutável.

Leia a apresentação "O Novo Cenário do Comércio Internacional. Qual Estratégia a Argentina Deve Implementar? Ameaças e Oportunidades", do Eng. Marcelo Regúnaga, Grupo de Países Produtores do Sul (GPS), Consultor da FPC., Ing. Marcelo RegÚnaga, Grupo de Países Productores del Sur (GPS), Consultor de FPC

O seminário também enfatizou que, para aproveitar essas oportunidades, a Argentina deve criar condições institucionais, macroeconômicas e comerciais favoráveis, ausentes nas décadas anteriores. Foi proposto um plano que inclui aumentos de produtividade por meio da inovação, expansão sustentável da fronteira agrícola, produção local com valor agregado e estratégias de diferenciação baseadas em qualidade e certificações (orgânico, Halal, sustentabilidade), seguindo os exemplos de países bem-sucedidos como Austrália, Chile e Nova Zelândia. Por fim, os especialistas concordaram que a Argentina precisa de um acordo político interinstitucional que permita a formulação e a execução de uma estratégia de integração internacional baseada em competitividade, inteligência de mercado e forte capacidade de adaptação às mudanças globais. Isso deve incluir uma agenda ativa para negociações de acordos comerciais e parcerias público-privadas coordenadas para melhorar o acesso e o posicionamento nos mercados internacionais.

Assista ao painel apresentado pelo Coordenador Geral do GPS, Marcelo Regúnaga, durante o Seminário.