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Marcelo Regúnaga e especialistas alertam sobre o impacto do neoprotecionismo nas cadeias globais e na segurança alimentar no período que antecede o G20

No dia 16 de outubro, a Casa do G20 no Rio de Janeiro sediou a conferência internacional sobre "Neoprotecionismo e a Natureza Mutável das Cadeias Globais de Valor: Lições para o G20". O evento, coorganizado pela Fundação Getulio Vargas, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, o Instituto para as Américas da Universidade de Georgetown, o Instituto de Estudos Internacionais de Barcelona e a Delegação do Governo da Catalunha no Brasil, reuniu especialistas e representantes do Grupo de Trabalho T20 sobre Comércio e Investimento para o Desenvolvimento Sustentável e o Crescimento Inclusivo.

Durante o dia, os especialistas destacaram as ameaças que o desenvolvimento sustentável enfrenta diante do avanço do neoprotecionismo. De acordo com os documentos apresentados, o aumento das barreiras comerciais, subsídios desproporcionais e outras políticas restritivas estão gerando disrupções nas cadeias globais de valor, o que impacta negativamente a economia mundial ao causar ineficiências. Nesse contexto, foram feitas várias recomendações para a próxima Cúpula dos Presidentes do G20, que também acontecerá no Rio de Janeiro.

Um dos temas centrais foi a segurança alimentar e as mudanças climáticas. O engenheiro agrônomo Marcelo Regúnaga, coordenador do Grupo de Países Produtores do Sul (GPS), apresentou um documento em colaboração com o Instituto INSPER do Brasil, que foi incluído como uma das propostas técnicas para o T20. Regúnaga enfatizou que os problemas relacionados à segurança alimentar e à mudança climática exigem soluções globais e não decisões unilaterais, como a Resolução EUDR 1115 da União Europeia sobre desmatamento, uma vez que tais regulamentos não consideram as realidades e a legislação dos países do Cone Sul, fundamentais para a segurança alimentar e a transição energética global.

O especialista também criticou a falta de consulta prévia em fóruns internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Conferência das Partes (COP), antes da implementação de tais medidas, argumentando que as restrições comerciais não apenas geram estouros de custos e ineficiências nas cadeias de valor, mas também encarecem os alimentos e limitam o desenvolvimento dos países exportadores líquidos de alimentos. como a Argentina.

Em relação à agricultura e às mudanças climáticas, Regúnaga destacou o papel crucial da agricultura no sequestro de carbono. "A agricultura é o único setor econômico capaz de sequestrar carbono, o que é fundamental para mitigar as mudanças climáticas", disse ele. Ele também criticou as barreiras ao comércio agrícola, insistindo na necessidade de incentivos que promovam a adoção de práticas agronômicas e tecnológicas sustentáveis pelos agricultores. Por fim, as recomendações apresentadas na conferência para o G20 incluíram: a promoção de acordos multilaterais, a revitalização da OMC, o compromisso com a abertura de mercados, a redução das restrições comerciais e a adoção de medidas baseadas em evidências científicas. Apelou igualmente a um diálogo global construtivo para incentivar a produção sustentável através de incentivos, em vez de barreiras comerciais.