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Exportações: as oportunidades estão aí, temos de criar o contexto para as aproveitar

  • Espera-se um aumento acentuado no consumo de produtos agrícolas até 2034/2035, o que representa desafios para a Argentina.

No seminário da Fundação Produzindo Conservando, realizado na semana passada, foi destacado que a estratégia de desenvolvimento proposta pelo Poder Executivo Nacional (PEN), pautada no crescimento do comércio exterior, encontra um cenário internacional favorável na demanda global por alimentos e biocombustíveis projetada para a próxima década por agências especializadas (USDA, FAO-OCDE).

Conforme detalhado por Gustavo Oliverio e Gustavo López, o consumo global dos principais grãos (milho, trigo e soja) para o ciclo 2034/35 aumentará em aproximadamente 250 milhões de toneladas, aos quais serão adicionados aproximadamente 40 milhões de toneladas de óleo e farelo de soja.

Por outro lado, o consumo global de carne crescerá em aproximadamente 37 milhões de toneladas, liderado pelo consumo de aves, que deverá crescer em 21 milhões de toneladas, enquanto o consumo de carne bovina crescerá em aproximadamente 6 milhões de toneladas. Esses aumentos levarão ao aumento das importações globais, proporcionando oportunidades significativas para o aumento das exportações dos principais produtos da Argentina.

Avaliações semelhantes se aplicam ao comércio global de biocombustíveis. Em ambos os casos, os preços atuais em dólar projetados para as exportações globais apresentarão uma ligeira tendência de alta na próxima década.

Considerando essas empolgantes oportunidades projetadas para a demanda global por alimentos e biocombustíveis, a Argentina pode aumentar substancialmente o valor de suas exportações agroindustriais por meio de diversas alternativas que, se forem criadas as condições institucionais, macroeconômicas e comerciais necessárias — ausentes nas décadas anteriores — permitirão à Argentina superar os valores tendenciais que lhe são atribuídos nas projeções dos organismos internacionais e alcançar um crescimento sustentado.

A Argentina pode aumentar o valor de suas exportações agroindustriais em mais de US$ 20 bilhões ao longo de uma década por meio de uma variedade de opções: i) aumento de produtividade por meio da incorporação de inovações disponíveis que permitiram ao Brasil registrar taxas de crescimento anual de produtividade mais que o dobro das da Argentina; ii) por meio da expansão da fronteira agrícola em áreas que ainda podem ser incorporadas com modelos sustentáveis; iii) agregação de valor local à produção de grãos para exportação de carne ou laticínios (semelhante aos feitos na Austrália, Brasil ou Estados Unidos), ou por meio de alternativas de processamento de grãos e derivados com maior investimento para a produção de "biojet", com valor unitário muito alto e alta demanda potencial em um futuro próximo; iv) estratégias de valor agregado por meio de diversas alternativas de diferenciação de produtos (qualidade, sustentabilidade, atributos como produtos orgânicos ou Halal) e as respectivas certificações e marcas, que estão sendo implementadas atualmente por países bem-sucedidos em seu comércio exterior, como Austrália, Chile, Malásia e Nova Zelândia, que alcançaram preços médios para suas exportações agrícolas substancialmente superiores aos da Argentina.

Definição

Embora as oportunidades existentes sejam muito encorajadoras, o cenário internacional também apresenta desafios significativos, dadas as incertezas criadas pelas políticas comerciais do presidente Trump, desafios geopolíticos e militares, mudanças climáticas e mudanças nos padrões de consumo.

Essas incertezas fazem com que a Argentina deva definir uma estratégia de integração internacional baseada na competitividade, na inteligência de mercado e na alta capacidade de resposta a cenários mutáveis.

Nesse sentido, uma análise das políticas dos países bem-sucedidos demonstra que eles definiram explicitamente suas estratégias de integração internacional, levando em consideração as demandas específicas dos principais mercados, com base em uma estreita coordenação entre instituições públicas responsáveis pela produção, comércio, relações exteriores, ciência e tecnologia e finanças, e entidades privadas nas respectivas cadeias de valor. Essas entidades, por sua vez, dispõem de recursos financeiros significativos garantidos por lei e estão ativamente envolvidas na promoção do comércio exterior e de atividades de inovação.

Isso significa que é necessário chegar a um acordo político interinstitucional para definir uma estratégia de crescimento da produção agroindustrial e do comércio exterior, em coordenação com o setor privado. Essa estratégia se baseia no fortalecimento de entidades públicas e privadas especializadas, na criação de um ambiente econômico e comercial favorável ao investimento e à melhoria da competitividade da agroindústria argentina, sem discriminação em relação a outros setores.

Essas condições institucionais e contextuais devem ser criadas em um futuro próximo para constituir o ponto de partida para a concepção e implementação da estratégia de integração internacional, que inclui uma agenda ativa de negociações para acordos de livre comércio e outros acordos de investimento com países relevantes (com os quais ainda não temos acordos comerciais), bem como uma agenda proativa de promoção de exportações público-privadas, que melhorará o acesso e o posicionamento da produção argentina nos principais mercados internacionais. As oportunidades existem; devemos criar o contexto para aproveitá-las de forma eficiente, coordenando as atividades públicas e privadas.s. Las oportunidades están; hay que crear el contexto para aprovecharlas eficientemente, coordinando las actividades públicas y privadas.

O autor é Coordenador Geral do Grupo dos Países Produtores do Sul (GPS)

Por Marcelo Regúnaga

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