GPS na imprensa

74% dos gases de efeito estufa são gerados pela queima de combustíveis fósseis, e a agricultura gera 11,6%: "Mesmo assim, somos nós os alvos."

"Os próximos 25 anos são os mais importantes na história da agricultura", foi um dos principais comentários no Congresso Aapresid 2025.

No primeiro dia do XXXIII Congresso da Aapresid, com o apoio da Expoagro, representantes da agricultura, indústria, ciência e administração pública participaram de um workshop para definir o posicionamento estratégico da região na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada no Brasil.

aapresid 2025

Marcelo Regúnaga, coordenador-geral do Grupo dos Países Produtores do Sul (GPS), destacou a necessidade de uma postura proativa porque "a agricultura é parte da solução: captura carbono, sustenta o desenvolvimento e garante a segurança alimentar". Ele acrescentou: "É uma oportunidade que não podemos desperdiçar".

Ele também alertou que "é essencial estar presente em um fórum como a COP30 porque o setor privado global estará negociando", explicou.

Por sua vez, Daniel Trento do Nascimento, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), lembrou o desafio da agricultura diante das mudanças climáticas e citou como exemplo de sucesso que “o Brasil fez uma revolução em 30 anos com base na ciência, na inovação e no crédito; a Argentina pode seguir esse caminho”.

Do Instituto Aaprender, Marcelo Arriola apelou para um papel ativo na construção do discurso: “A América do Sul pode fornecer alimentos ao mundo de forma sustentável, mas se formos acusados de poluição, não podemos ficar em silêncio.”

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Agricultura, ciência e política debateram o lugar da América Latina nos futuros sistemas agroalimentares.

Em outro painel realizado no auditório Spraytec, no recinto de feiras La Rural de Palermo, líderes internacionais em agricultura, ciência e política debateram o lugar que a América Latina deve ocupar nos sistemas agroalimentares do futuro. A chave: uma narrativa comum baseada em evidências científicas, diplomacia e uma visão estratégica.

Manuel Otero, Diretor-Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), destacou a necessidade de consolidar uma mensagem das Américas: "Somos os garantes da biodiversidade e da sustentabilidade do planeta; devemos comunicar isso com firmeza em nível internacional". Ele também enfatizou a importância de vincular ciência, tecnologia e produtores por meio de políticas ativas e parcerias público-privadas.

Jack Bobo, diretor do Instituto Rothman de Estudos Alimentares da Universidade da Califórnia, alertou: "Os próximos 25 anos são os mais importantes da história da agricultura; precisamos produzir mais e melhor sem esgotar os recursos". Ele observou que, até 2050, a população mundial começará a se estabilizar, abrindo uma janela crucial para garantir a segurança alimentar sem comprometer a sustentabilidade.

Kip Tom, ex-embaixador dos EUA na FAO e atual vice-presidente de política rural do American First Policy Institute, enfatizou: “A segurança alimentar é segurança nacional; nações que não desenvolvem sua agricultura estão destinadas a entrar em crise”.

Walter Baethgen, pesquisador da Universidade de Columbia, afirmou que a América Latina é a maior exportadora agrícola do mundo e projeta um crescimento de 25% na próxima década. No entanto, ele alertou: "Precisamos usar nossos recursos de forma sustentável; a narrativa atual foi escrita por outros; é hora de definirmos nossa agenda com diplomacia e evidências científicas."

Para Baethgen, o contraste é claro: “74% dos gases de efeito estufa vêm da queima de combustíveis fósseis, enquanto a agricultura gera 11,6%, e mesmo assim ainda somos nós os alvos”.

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