"Os próximos 25 anos são os mais importantes na história da agricultura", foi um dos principais comentários no Congresso Aapresid 2025.
No primeiro dia do XXXIII Congresso da Aapresid, com o apoio da Expoagro, representantes da agricultura, indústria, ciência e administração pública participaram de um workshop para definir o posicionamento estratégico da região na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada no Brasil.

Marcelo Regúnaga, coordenador-geral do Grupo dos Países Produtores do Sul (GPS), destacou a necessidade de uma postura proativa porque "a agricultura é parte da solução: captura carbono, sustenta o desenvolvimento e garante a segurança alimentar". Ele acrescentou: "É uma oportunidade que não podemos desperdiçar".
Ele também alertou que "é essencial estar presente em um fórum como a COP30 porque o setor privado global estará negociando", explicou.
Por sua vez, Daniel Trento do Nascimento, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), lembrou o desafio da agricultura diante das mudanças climáticas e citou como exemplo de sucesso que “o Brasil fez uma revolução em 30 anos com base na ciência, na inovação e no crédito; a Argentina pode seguir esse caminho”.
Do Instituto Aaprender, Marcelo Arriola apelou para um papel ativo na construção do discurso: “A América do Sul pode fornecer alimentos ao mundo de forma sustentável, mas se formos acusados de poluição, não podemos ficar em silêncio.”

Agricultura, ciência e política debateram o lugar da América Latina nos futuros sistemas agroalimentares.
Em outro painel realizado no auditório Spraytec, no recinto de feiras La Rural de Palermo, líderes internacionais em agricultura, ciência e política debateram o lugar que a América Latina deve ocupar nos sistemas agroalimentares do futuro. A chave: uma narrativa comum baseada em evidências científicas, diplomacia e uma visão estratégica.
Manuel Otero, Diretor-Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), destacou a necessidade de consolidar uma mensagem das Américas: "Somos os garantes da biodiversidade e da sustentabilidade do planeta; devemos comunicar isso com firmeza em nível internacional". Ele também enfatizou a importância de vincular ciência, tecnologia e produtores por meio de políticas ativas e parcerias público-privadas.
Jack Bobo, diretor do Instituto Rothman de Estudos Alimentares da Universidade da Califórnia, alertou: "Os próximos 25 anos são os mais importantes da história da agricultura; precisamos produzir mais e melhor sem esgotar os recursos". Ele observou que, até 2050, a população mundial começará a se estabilizar, abrindo uma janela crucial para garantir a segurança alimentar sem comprometer a sustentabilidade.
Kip Tom, ex-embaixador dos EUA na FAO e atual vice-presidente de política rural do American First Policy Institute, enfatizou: “A segurança alimentar é segurança nacional; nações que não desenvolvem sua agricultura estão destinadas a entrar em crise”.
Walter Baethgen, pesquisador da Universidade de Columbia, afirmou que a América Latina é a maior exportadora agrícola do mundo e projeta um crescimento de 25% na próxima década. No entanto, ele alertou: "Precisamos usar nossos recursos de forma sustentável; a narrativa atual foi escrita por outros; é hora de definirmos nossa agenda com diplomacia e evidências científicas."
Para Baethgen, o contraste é claro: “74% dos gases de efeito estufa vêm da queima de combustíveis fósseis, enquanto a agricultura gera 11,6%, e mesmo assim ainda somos nós os alvos”.
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